quarta-feira, 18 de abril de 2012

A importância do conceito de transferência na relação professor-aluno

 


A Transferência não é um termo da psicanálise. É um vocábulo utilizado em diversos campos, denota-se, sempre uma idéia de transporte, de deslocamento, de substituição de um lugar para o outro. Freud aponta-o como um fenômeno psíquico que se encontra presente em todos os âmbitos das relações com nossos semelhantes. Ele reconheceu a possibilidade de que a transferência acontecia na relação professor-aluno. Na relação professor-aluno, está implicada uma relação de amor, uma relação afetiva. Uma relação de confiança de valorização do conhecimento, da revelação das habilidades e potencialidades do outro, só é possível através da afetividade. Com o afeto a criança se redescobre, se percebe, se valoriza, aprende a se amar transferindo este afeto em suas vivências e consequentemente na aprendizagem escolar. A noção de transferência pode contribuir para entender esta relação que envolve interesses e intenções, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros das espécies humanas.


Do Ponto de vista da psicanalista Melaine Klein (1.926), as crianças desenvolvem a transferência de suas mais intensas fantasias, ansiedades e defesas em casa, na creche, na escola, nos diferentes momentos do dia, no convívio escolar e durante as aulas. O educador deve estar atento às manifestações da criança, ele precisa envolver-se com esta criança e procurar levá-la a se perceber, estimular a manifestar, encorajá-la, a tentar experimentar, elogiar suas primeiras tentativas, permitindo-lhe a personificação de papéis sociais presentes em sua realidade, estimulando a criar situações e reproduzi-las a brincar. O educador sendo o mediador fora de sua convivência familiar torna-se um grande interventor para o desenvolvimento emocional e cognitivo dos alunos.

Quando é possível ver o afeto nas ações dos alunos diante das propostas dos educadores, constata-se que houve transferência positiva à aprendizagem, há possibilidades de superação dos conflitos internos, será possível aprender e crescer. Conforme Melaine Klein(1926), só o contato direto da criança com a sua realidade psíquica – impulsos, dores, fantasias inconscientes – poderia ajudá-la a encontrar melhores formas de aceitação da realidade e a renunciar a determinadas defesas contra as angustias.A psicopedagoga Leila Sarah Chamat (1997), afirma que um bloqueio na afetividade impede um vínculo saudável ou afetivo entre o ser que ensina e o ser que aprende, seja na família ou escola. Com o trabalho centrado no vínculo pode-se trabalhar os medos, desejos e ansiedades, auxiliados pela transferência de papéis quando a criança pode desenvolver e “buscar sua comidinha”, ou seja, o vínculo com a mãe.

Seria bom, se todos os professores conhecessem o conceito de transferência, para melhor entender a sua relação com o aluno. Pois ele pode ser um suporte dos investimentos de seu aluno, porque é objeto de uma transferência. Privilegiar a singularidade do aluno é um aspecto que deve merecer atenção central.

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