A importância do conceito de transferência na relação professor-aluno
A Transferência não é um termo da psicanálise. É um vocábulo utilizado
em diversos campos, denota-se, sempre uma idéia de transporte, de
deslocamento, de substituição de um lugar para o outro. Freud aponta-o
como um fenômeno psíquico que se encontra presente em todos os âmbitos
das relações com nossos semelhantes. Ele reconheceu a possibilidade de
que a transferência acontecia na relação professor-aluno. Na relação
professor-aluno, está implicada uma relação de amor, uma relação
afetiva. Uma relação de confiança de valorização do conhecimento, da
revelação das habilidades e potencialidades do outro, só é possível
através da afetividade. Com o afeto a criança se redescobre, se percebe,
se valoriza, aprende a se amar transferindo este afeto em suas
vivências e consequentemente na aprendizagem escolar. A noção de
transferência pode contribuir para entender esta relação que envolve
interesses e intenções, pois a educação é uma das fontes mais
importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos
membros das espécies humanas.
Do Ponto de vista da psicanalista Melaine Klein (1.926), as crianças
desenvolvem a transferência de suas mais intensas fantasias, ansiedades e
defesas em casa, na creche, na escola, nos diferentes momentos do dia,
no convívio escolar e durante as aulas. O educador deve estar atento às
manifestações da criança, ele precisa envolver-se com esta criança e
procurar levá-la a se perceber, estimular a manifestar, encorajá-la, a
tentar experimentar,
elogiar suas primeiras tentativas, permitindo-lhe a
personificação de papéis sociais presentes em sua realidade,
estimulando a criar situações e reproduzi-las a brincar. O educador
sendo o mediador fora de sua convivência familiar torna-se um grande
interventor para o desenvolvimento emocional e cognitivo dos alunos.
Quando é possível ver o afeto nas ações dos alunos diante das propostas
dos educadores, constata-se que houve transferência positiva à
aprendizagem, há possibilidades de superação dos conflitos internos,
será possível aprender e crescer. Conforme Melaine Klein(1926), só o
contato direto da criança com a sua realidade psíquica – impulsos,
dores, fantasias inconscientes – poderia ajudá-la a encontrar melhores
formas de aceitação da realidade e a renunciar a determinadas defesas
contra as angustias.A psicopedagoga Leila Sarah Chamat (1997), afirma
que um bloqueio na afetividade impede um vínculo saudável ou afetivo
entre o ser que ensina e o ser que aprende, seja na família ou escola.
Com o trabalho centrado no vínculo pode-se trabalhar os medos, desejos e
ansiedades, auxiliados pela transferência de papéis quando a criança
pode desenvolver e “buscar sua comidinha”, ou seja, o vínculo com a mãe.
Seria bom, se todos os professores conhecessem o conceito de
transferência, para melhor entender a sua relação com o aluno. Pois ele
pode ser um suporte dos investimentos de seu aluno, porque é objeto de
uma transferência. Privilegiar a singularidade do aluno é um aspecto que
deve merecer atenção central.